No seu artigo de opinião inserido no Correio da Manhã, este senhor pergunta-se como é que alguns hospitais conseguem comprar medicamentos por preços 10 vezes inferiores aos constantes no catálogo da Central de Compras do Ministério da Saúde. E pretende que os primeiros sejam enaltecidos (e até promovidos) e os segundos responsabilizados e punidos.
Eu também me questiono: como é que este senhor, que até é médico e, por isso, deve estar minimamente a par dos processos de compra, desconhece uma prática denominada de "bundling". Ou seja, muitas empresas, por terem um grande portfólio de produtos, para garantirem que o hospital compre uma boa parte deles, fazem uma espécie de pacote. Nesse, alguns dos produtos são praticamente oferecidos, para tornar esse pacote aliciante. Obviamente, se estes produtos, que entram praticamente a custo zero, se forem vendidos sozinhos, terão que ter o preço que aparece no catálogo.
Mas isto é o que acontece por aí: pessoas que influenciam a opinião pública que, não estando suficientemente esclarecida em determinados pontos, aceita como verdade suprema aquilo que lhe dizem. Especialmente se, quando quem o diz, for alguém que, supostamente, tem conhecimento de causa. Mas que opta por omitir o que lhe convém para, assim, influenciar as massas.
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