Ontem, finalmente, inscrevi-me no ginásio. Ao fim de 2 anos, em que o máximo que fiz foi andar, correr (muito de vez em quando; não tenho muita paciência, especialmente se o fizer só), subir e descer escadas, dar umas braçadas na praia na praia e sexo (sim, deixei de achar que foi amor, porque para esse tem que haver 2 pessoas e o Sac., com toda a certeza, não o via na mesma prespectiva que eu...). Há hora de almoço, peguei em mim e pús-me a caminho.
No metro, sentem-me à frente de uma senhora que, alheia aos risos e sorrisos em seu redor, empunhava numa mão um espelho e, na outra, uma pinça. Como se fosse a coisa mais natural deste mundo, como se não estivesse sujeita a todos os olhares, lá ia arranjado as sobrancelhas! Antes que não me aguentasse, também, e apanhasse com uma das 2 armas que ela tinha em mãos, mergulhei os olhos no "Ana Karenina". Tornei-os a levantar ao som da música de um acordeão. Não eram apenas notas soldas, era uma bela melodia, que animava a monótona e pesada viagem debaixo da terra. Via-se que o senhor sentia o que tocava; não pedia dinheiro. As notas que fazia libertar do instrumento pareciam alimento suficiente para a sua alma. E também apaziguaram a minha, por uns instantes. Estes merecem as nossas moedas, porque tiram um pouco o cinzento da nossa vida com umas boas pinceladas de cor.
Subi a rua em passo acelerado até ao Gym; o recepcionista, muito simpático, com as piadolas costumeiras, aconselhou-me a marcar logo a avaliação da condição física. Assim o fiz e pasmei com os pré-requisitos:
- não realizar exercício físico nas 24h que precedem o teste;
- não estar no período menstrual (ou fase pré-menstrual);
- estar em jejum, ou pelo menos com 4h seguidas sem comer e berber antes do teste;
- não ingerir diuréticos (chá, café) nas 48h antes do testes;
- não beber álcool 48h antes do teste;
- bexiga e intestinos vazios;
- durante o teste retirar todos os metais.
Fogo!! Isto é quase ir à faca... Não me contive:
- Vocês são muito rigorosos!
- Pois, tem que ser... E qual é a coisa que lhe vai custar mais?
- Parece que a única coisa que não depende da minha força de vontade é o trânsito intestinal... - Corei. - Não consigo saber se tenho ou não os intestinos vazios!
- Pois, é que isto é para saber a massa corporal, etc, etc. Pensei que o pior fosse o café.
- Não! Isso consigo controlar.
Marquei o dia e vim-me embora, toda entusiasmada. Passei num café atascado para engolir qualquer coisa. Era o único que havia a caminho do metro e estava cheio de homens... daqueles que só costumam frequentar cafés atascados... Olharam, comentaram, tornaram a olhar.
- Queria uma fatia daquelas, por favor. - Estava cheia de pressa e ia comer ali mesmo, ao balcão.
- Pode-se sentar, eu já levo! - Grrr!! Não queria contra-argumentar. O balcão estava mesmo cheio de espécimens e eu preferi estar longe dos olhares. Que se lixe a pressa.
Fui-me sentar e algumas cabeças rodaram. Alguns fizeram o mesmo ao corpo, na minha direcção. Começaram a falar de carros potentes e de mulheres. Tirei a minha âncora do saco e, de novo, enterrei os olhos. Sorri a pensar que Freud devia ter uma explicação muito interessante para o tema de conversa destes senhores! Ahahah
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