Relativamente à notícia anterior, Joaquim Vaz comentou, como quem me tira as palavras da boca:
Os bens são escassos e o dinheiro também.
Por isso, o dinheiro que creditado nas contas bancárias de uns vai, seguramente, faltar nas contas de outros. Tudo é relativo, portanto.
Os níveis salariais deveriam pautar-se por processos objectivos de produtividade, empenho e equidade.
Mas, em Portugal, não é isso o que acontece, sobretudo nas empresas públicas cujos gestores têm também de repartir o bolo pelos subordinados que gerem (sabem que bolo? o bolo dos nossos impostos!) para justificar os seus exagerados proventos e manter dentro dessas empresas uma certa acalmia social: ou comem todos, ou não come ninguém! Mas comem todos...e nós pagamos!
É bom estar no mercado sem concorrência; pagam os passageiros e pagam os contribuintes; logo há muitos que pagam duas vezes...
A Constituição da República assegurava, logo no seu artº 1º “Portugal é uma república unitária a corporativa.”. Corporativismo de estado, portanto.
Nunca como hoje, a República Portuguesa foi tão corporativa, apesar de na actual Constituição da República não figurar aquela texto: Portugal é hoje a República dos Lobbyes, onde cada corporação só pensa: “venha para cá o meu”! Nesta luta titânica (alguém pensa em Portugal?), quanto maior for o monstro, melhor: um monstro poderoso faz greves consecutivas, paralisa o País, ofende os direitos dos cidadãos e, até, derruba governos! É a Democracia, no seu máximo esplendor!
Em Portugal, “cada um faz o que pode pela sua vidinha” e esconde o ganha, a menos que esteja desempregado ou ganhe o SMN ou um pouco mais... Já experimentaram procurar quanto ganham os que mais ganham? É uma tarefa impossível, tal o resguardo ou a opacidade...
Por isso, devemos estar gratos à Comunicação Social por nos ir dando conta de abusos e privilégios injustificados... Parabéns, pois, ao Jornal “Sol”!
«O salário dos maquinistas, por exemplo, engloba abonos de produção, subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único», explica fonte oficial da empresa pública. «Só por se apresentar ao trabalho, cada maquinista recebe mais de seis euros por dia, devido ao subsídio de assiduidade».
Curiosas são as reacções à noticia: “Acho que os funcionários quer do Metro quer da CP são mal pagos, pois trabalham de noite ou de madrugada enquanto meio Portugal dorme...”
Afinal, os trabalhadores atingidos não são assim tão materialistas, pois dão grandes provas do bucolismo que caracterizou a introdução dos comboios em Portugal!
De noite e de madrugada trabalham também em Portugal muitos milhares de trabalhadores que auferem o salário mínimo ou, sabe-se lá, trabalhando a recibos verdes...
Quem trabalha de dia, dorme de noite, quem trabalha de noite dorme de dia...
Não vejo a razão do lamento.
“Trabalha dia e noite de natal enquanto o resto esta com a família em casa dia de ano novo noite de ano novo, fins de semana e pouco sobra para a família ,,,, pois o que ser perda com a família não tem preço.” É caso para perguntar: sobrou só para você?
Sabem os maquinistas, por acaso, quantos milhares de trabalhadores se encontram nessas condições e têm de regressar a casa quando o Metro e a CP já encerraram os seus serviços?
«O salário dos maquinistas, por exemplo, engloba abonos de produção, subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único», explica fonte oficial da empresa pública. «Só por se apresentar ao trabalho, cada maquinista recebe mais de seis euros por dia, devido ao subsídio de assiduidade».
O que a imaginação inventa para espoliar o ingénuo cidadão pagador!
Abonos de produção, como se de ume fábrica se tratasse, como se produzissem à peça! subsídios fiscais, uma maneira de legal de fugirem aos impostos! Ajudas de custo para aqueles cuja actividade é exercida no seu próprio local de trabalho! Subsídio de assiduidade, por se apresentar ao trabalho! Que maior circo podia haver!
«O tempo médio de escala dos maquinistas é de oito horas por dia, num total de 40 horas semanais. Mas, em média, o tempo de condução está entre as três e as quatro horas diárias»,
O que fazem, então, nos tempos de não-condução? Reúnem, reivindicam, congeminam, ou vão simplesmente para a praia?
“Frederico, vivemos um momento muito difícil e injusto, em que nós cidadãos comuns, estamos a ser espoliados dos nossos rendimentos e direitos sociais, espoliação esta a que muitos de nós, não conseguirão resistir sem sucumbir à mendicidade e/ou à marginalidade, enquanto que as elites sociais não só se mantêm intocáveis, como continuam soberbamente a prosperar.”
Quem ouvir este lero-lero, bem se pode comover ou até, quem sabe, começar a chorar... Trata-se de aplicar as premissas certas para tirar a conclusão errada... E o problema é distinguirmos quem são as “elites sociais”:
- Pode ser considerado como um grupo dominante na sociedade.
- Pode significar um poder de classe dominante
- Pode também referir-se a um grupo situado em uma posição hierárquica superior numa dada organização e com o poder de decisão política e económica,
- Pode ser o grupo minoritário que exerça uma dominação política sobre a maioria dentro de um sistema de poder democrático,
- Pode ser uma referência genérica a grupos posicionados em locais hierárquicos de diferentes instituições públicas, partidos ou organizações de classe, ou seja, pode ser entendido simplesmente como aqueles que têm capacidade de tomar decisões políticas ou económicas.
- Pode ainda designar aquelas pessoas ou grupos capazes de formar e difundir opiniões que servem como referência para os demais membros da sociedade. Neste caso, elite seria um sinónimo tanto para liderança quanto para formadores de opinião.
Como se vê, há muito por onde escolher...
Mas o conceito de elite social não pode deixar de se estender a outros grupos de pessoas que, face à generalidade dos cidadãos, aufere rendimentos de trabalho desproporcionados e pagos pelos impostos do cidadão comum, com o apoio demagógico das organizações sindicais. Os sindicatos que apoiam todas as causas, sejam elas justas ou injustas. Basta, para isso, que haja uma filiação sindical... Sindicatos que lutam, lutam, para ficar tudo na mesma: a distorção salarial! Mas nem por isso pagam aos grevistas os montantes perdidos pelos trabalhadores nos dias de greve... Não pagam, estão bem mais à vontade para decretar sucessivas greves, injustas e criminosas...
Por isso, os trabalhadores das empresas públicas são as novas elites, as elites dos nossos dias.
“Caro Frederico Pinheiro, já urge, é moralmente obrigatório, que os jornalistas, escritores, sejam íntegros, objectivos, directos na informação que prestam à sociedade.
Claro, caro yverat12.04.2011 - 13:11, mas então tenhamos todos a integridade não a do Afonso Henriques mas a do Egas Moniz que não estava ao serviço da sua causa própria...
Integridade é também reconhecermos os nossos privilégios, sobretudo quando injustificados. Há privilégios e privilégios: uns são alcançados com muito esforço continuado e mérito próprio, com o suor do rosto; outros são conseguidos por força
dos lobbies que os governos têm a obrigação de combater...em nome do bem comum! E a informação jornalística de que de queixa talvez não saísse tão distorcida se as instituições, como aquela onde trabalha, não se fizessem envolver pelo seu manto diáfano: «Sobre a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia»
Tão pouco vale vir agora apresentar a “fórmula de cálculo”, para justificar que ganha não €3.571,00, e que só leva para casa €1.750,00! È a vida! É dos cânones! É da lei!
Foi-se criando a ideia genuína de que o trabalhador só ganha “o que leva para casa”; erro: o trabalhador ganha aquilo que o patrão despende ou seja, o vencimento bruto.
As regras estão definidas para si e para todos os outros cidadãos... Além de outras coisas, está a queixar-se de uma tributação progressiva. Não queria que quem ganha menos pague IRS por uma taxa maior, pois não? Além de que recebe um subsídio para amenizar os impostos...
Não se lamente: ganha quase 10 SMM e, mesmo fazendo as contas à sua maneira (pelos vencimentos líquidos), ainda ganha num mês aquilo que um trabalhador qualquer recebe em 5 meses! Os trabalhadores das empresas privadas ganham o que ganham, mas trabalham 40 horas a sério!
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