Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007

Gregos e Troianos

É muito difícil agradar a toda a gente. Mais difícil ainda é aceitar a opinião dos outros; principalmente quando se está empenhadíssimo a assumir o papel de vítima e se esquece do contexto das coisas.
Está-se a organizar um jantar comemorativo dos 10 anos de umas viagens feitas ao longo de uns anos. Por acaso a que se comemora este ano não se realizou, por isso comemora-se o visto! Fui, pela primeira vez, o ano passado. E fiquei um bocado desliludida... Porque este grupo tem, ou tinha, um espírito muito próprio. E eu fui, toda entusiasmada, de Lisboa até Estarreja, à espera de revirer os good old times! Comecei a perceber-me do que se iria passar quando saí do cocktail de boas vindas. Cá fora, imensos casais com os seus filhotes! Os pais iam dizendo umas palavras entre olhares pelo canto do olho, a ver onde paravam as suas crianças. Eu própria, passei mais tempo com os filhos que com os pais (acontece que as crianças até gostam muito de mim, tenho alguma paciência e os pais até ficavam descansados uns minutos enquanto eles estavam comigo e com outros como eu). Mas não era esta a minha ideia de jantar, com pessoas que já não via, algumas delas, há anos! Até as fotos que passaram foram, maioritariamente, dos rebentos. Os temas de conversa giravam, quase todos, à volta deles. E eu caí na asneira de ter enviado um e-mail ao grupo dizendo o que senti na altura; que apesar de ter adorado conhecer os filhotes, não era o que levava em mente. Os comentários a desaprovar o meu foram duríssimos e desprovidos de razão. Chegou a haver um a dizer que organizar custava e que se não estávamos contentes, que sugeríssemos algo. Mas o caricato é que a organização deste ano propôs que se contratasse um serviço de babysitting e ninguém aceitou!! Parece que o objectivo é mesmo mostrar a prole e falar-se acerca disso.
Eu não tenho filhos. Mas se tivesse, não os levava. Se não tivesse outra alternativa, não ia. Ia outro ano... Porque isto é só uma vez por ano. E as crianças também se aborrecem nestas coisas. E ficam cansadas... E birrentas. E não sei, repito, não sei, se não será um bocado egoísta sujeitá-los a isto.
Ainda esta semana falava com uma colega que quis muito, muito, ter um filho. Andou a fazer tratamentos e agora tem um rapagão lindo, que a faz sorrir, com o rosto todo, cada vez que fala do seu amor! Este fim-de-semana teve um casamento. E disse-me: "deixei-o com os meus pais, porque ia ser horrível para ele e para nós, que só íamos estar preocupados com ele".  

sinto-me: Triste com estes bate-bocas
publicado por fraufromatlantida às 09:24
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4 comentários:
De Gatopardo a 1 de Novembro de 2007 às 00:17
Sabes, tive um convívio de antigos colegas de escola uns meses atrás...Foi muito divertido rever amigos e colegas...Muitos deles já se encontravam casados, uns com filhos, mas nenhum levou a prole atrás...Como tu dizes e bem, ia ser uma constante preocupação para os pais...Depois, a seguir ao jantar ainda fomos beber uns belos copos ao bairro alto...
Há sítios e locais para exibir os filhotes aos amigos...Esse tipo de convívios não é um deles na minha opinião...
Beijokas
De fraufromatlantida a 1 de Novembro de 2007 às 21:52
Haja bom senso! É óbvio que os pais não podem, por qualquer aniversário, estar a pedir a alguém que fique com os filhos. Mas há ocasiões em que me parece o mais sensato.
De Ribatejana a 2 de Novembro de 2007 às 02:10
Muitos pais criam sentimentos de culpa de que são maus pais e que são egoístas se não levarem os filhos, mas a verdade é que eles tb precisam destes momentos para si, até como forma de manter a vida social enquanto casal e tb para nao se verem só no papel de pais. Não cai nenhum santo do altar. Enfim.. às vezes levam os filhos atrás e depois fartam-se de os aturar e por vezes até não os tratam tao bem assim. Eu sou uma defensora do tempo de qualidade junto dos filhos e tb das saídas a sós. Para bem da vida de casal. Sem culpas. E acho que os filhos até agradecem.
De fraufromatlantida a 3 de Novembro de 2007 às 23:33
Só posso concordar, ou não, na medida do que me diz o meu senso, já que não sou mãe. Mas o que dizes faz todo o sentido. Porque hoje, felizmente, temos outros meios à disposição, e porque os próprios avós (uma boa parte) gosta de se sentir participante. E porque é perigoso que a monotonia se instale. E porque, se amamos a capacidade que o outro tem para ser mãe/pai, tb temos que nos lembrar do que nos levou ao clic, a apaixonarmo-nos... digo eu...

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